Planalto evita vestir "carapuça" após EUA anunciar restrição de vistos
Secretário de Estado Marco Rubio falou em punir "cúmplices de cesura a americanos"

Após o Secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciar que vai restringir vistos do país a pessoas que forem "cúmplices de censura" contra cidadãos dos Estados Unidos, a orientação do Palácio do Planalto é de "não vestir a carapuça", segundo interlocutores próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para formuladores da política externa brasileira, o anúncio do integrante do governo Trump foi interpretado como uma declaração sem nomes, mencionando apenas sanções a "censores". À CNN, uma dessas fontes afirmou que não há censores entre autoridades brasileiras e que, por isso, qualquer manifestação sobre a publicação de Rubio seria como "vestir uma carapuça que não cabe ao Brasil".
A reportagem argumentou que opositores ao governo brasileiro já fazem paralelo sobre possíveis sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, já que Rubio disse avaliar medidas contra o magistrado.
Entretanto, as fontes ouvidas pela CNN responderam que, caso o governo americano cite nomes de autoridades brasileiras ou, pior, concretize ações contra esses agentes públicos, o governo se manifestará de forma pública e "dura", o que poderia desencadear estremecimento nas relações por ser visto como ataque às instituições nacionais.
Ao serem questionados se a política de vistos não é uma questão soberana de cada país, a resposta é que o problema não seria negar visto a brasileiros, sejam autoridades ou não. O vício estaria na justificativa usada, caso alguém seja apontado como censor das liberdades no Brasil, o que, segundo o governo, não ocorre aqui.
Também há a avaliação de que sanções na política de vistos são menos gravosas do que a aplicação da Lei Magnitsky, que chegou a ser cogitada, com sanções extraterritoriais como proibição do uso de cartões de crédito de bandeiras americanas, entre outras medidas restritivas.